sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Onde estou?

Retornando ao Batuque da alma, depois de largo silêncio, declaro-me possuidor do Direito Universal de Indagar. Onde estou?... Eis que a resposta é simples. Estou aqui. Em meu conforto, protegido por paredes, por medos, por estradas imaginárias que ainda não percorri, mas que em sonhos, já tenho até os Tijolos de Ouro para a caminhada segura e reta. Onde estou? ... Pergunto novamente: esse caminho não percorrido acaso já não foi percorrido só pelo fato de pensá-lo?... Pois o caminho "real", quando o percorrê-lo, será diferente do sonhado.... Onde estou? Estou cá, suco de maracujá e impressões poéticas sobre ética, filosofias abstratas sobre perguntas inatas, verso e prosa em diversidade de luz sombra e caridade, poesia filantrópica de versos em linhas utópicas.... Onde estou?... e recordo-me de Musil ao abrir os olhos: "A supervalorização da pergunta: onde estou? vem do tempo dos nômades, em que era preciso registrar os locais de pastagem"

domingo, 6 de abril de 2014

Sibelius - Berceuse



MERGULHO PROFUNDO



Detalhe: é apenas uma parte da suíte, ou música Incidental feita para "A Tempestade", de Shakespeare, e uma das últimas obras significativas desse compositor magnífico, que se calou praticamente pelos seus últimos 30 anos de vida, sem conseguir mais compor. Iniciou uma oitava sinfonia, mas queimou tudo depois de 15 anos de trabalho e se sentiu aliviado diante do problema íntimo que havia se resolvido. Simplesmente acredito que sua missão e sua obra já estava pronta, como compor mais diante de um legado tão maravilhoso ? Para quem quiser conhecer mais... recomendo o concerto para violino, o poema sinfônico Tapiola e outras, que tanto ecoam no mundo "erudito" e só por ecoarem, fazem os portais da arte se abrirem para outras manifestações, os que tiverem ouvido para ouvir que ouçam.... e viva a arte!


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

LUZ DE BEATRIZ - SONETO




LUZ DE BEATRIZ (SONETO)

Palavras Brancas dançam em Divino
Tema de amor... Eis que surge o poema
Feito do fogo azul. Tua thelema
Traz o dourado som dum raro sino...

Imagens cruzam, fazem raro trino,
Farfalha a fina folha da jurema,
Verde verdade é a luz de diadema,
Brilho lilás laureando esse hino

Que surgiu plácido nesse papel
Que encantou o pássaro interior
A ditar doce canção com que fiz

Esse soneto. Retiro teu véu
Vejo uma luz que mostra o valor
Do inefável amor: Beatriz.

Alan - 28/05/08 17:30

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

DESPERTAR


HOJE acordei almejando trocar conhecimentos, palavras e emoções. Quero o que transcende os limitadores 5 sentidos, a ilusão do tempo e os muros da realidade que percebemos. Busco a "realidade última" e ela acontece dentro de nós e pode ser transmitida num abraço, num olhar, num sorriso, num toque, desde que ele seja o reflexo da manifestação do mistério e da "matéria invisível" que é a substância primordial da criação: o Amor. Fernando Pessoa dá-me um pouco de alma a cada dia, ensinando-me sobre como e por onde sondar os caminhos que levam ao Mestre, ao Ser, por isso é importante o "sentir tudo de todas as maneiras". Ir ao fundo da alma para em suas cavidades mais secretas, possamos colher uma porção do "eu sou", construindo assim uma estrada de uma linha reta que leva até nossa origem. O ser nos espera intocável em seu trono de Ouro e é para lá que desejo caminhar através da poesia, guiado pelas emanações do Amor e seus eflúvios. Na terceira margem do Rio está a transcendência, o encontro com o indizível, com aquilo que não está nos poemas, mas que vibra secretamente no silêncio. No silêncio mais azul do inefável, na aritimética sagrada das estrelas, nas assinaturas Divinas que bailam no cosmos, que brilha nas estrelas, que falam através da boca dos pássaros, que dançam com salamandras, que corre nos rios, dizendo-nos sempre o óbvio: é hora de despertar.

ETERNA MANIFESTAÇÃO


Pensando e sentindo que no agora manifestam-se todos os tempos, tenho a certeza de que ao cruzar com o olhar de um amigo, ao abraçar-me sinceramente com uma pessoa, ao desejar boas-vindas aos que chegam a esse plano, boa partida para o pórtico do Infinito aos que se vão, ao contemplar todas as criaturas visíveis e invisíveis de nosso Pai criador e beber na fonte que tudo criou, dou-me conta que tudo está em


ETERNA MANIFESTAÇÃO

Há um azul sempre nascente na paisagem
De minh’alma. A união de palavras e silêncios
Em harmonia sagrada de quereres.
Poesia inscrita na pele, pousada nos olhos,
Emanada do espírito, irradiada na carne.
Um sopro dourado de vida,
Um repouso no infinito,
A natureza do Divino e do para
Sempre manifestando-se
No eterno agora de te amar
.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

BEETHOVEN




Após lágrimas derramadas por uma emoção cujo nome não conseguem traduzir as palavras, tanto por ouvir a Música, desse que, surdo, nos legou sons de uma nova era, sons que estão, acreditem, nas esferas transcendentais, atemporais, ecoando no infinito do astral, como por Ler esse poema tão, tão... inquietante, áspero, lírico e transcendente ao mesmo tempo, do Mestre Drummond, tenho a honra de esparzir a luz contida nessas palavras tão poéticas, tão proféticas...




BEETHOVEN

Meu caro Luís, que vens fazer nesta hora
de antimúsica pelo mundo afora?

Patética, heróica, pastoral ou trágica,
tua voz é sempre um grito modulado,
um caminho lunar conduzindo à alegria.
Ao não-rumor tiraste a percepção mais íntima
do coração da Terra, que era o teu.
Urso-maior uivando a solidão
aberta em cântico: entre mulheres
passando sem amor. Meu rude Luís,
tua imagem assusta na parede,
em medalhão soturno sobre o piano.
Que tempestade passou em ti e continua
a devastar-te no limite
em que a própria morte exausta se socorre
da vida, e reinstala
o homem na fatalidade de ser homem?

Nós, os surdos, não captamos
o amor doado em sinfonia, a paz
em allegro enérgico sobre o caos,
que nos ofertas do fundo
de teu mundo clausurado.
Nós, computadores, não programamos
a exaltação romântica filtrada
em sonatino adágio murmurante.

Nós, guerreiros nucleares, não isolamos
o núcleo da paixão de onde se espraia
pela praia infinita essa abstrata
superação do tempo e do destino
que é razão de viver, razão florente
e grave.

Tanto mais liberto quanto mais
em tua concha não acústica cerrado,
livre da corte, da contingência, do barroco,
erguendo o sentimento à culminância
da divina explosão, que purifica
o resíduo mortal, angústia mísera,
que vens fazer, do longe de dois séculos,
escuro Luís, Luís luminoso
em nosso tempo de compromisso e omisso?

Do fogo em que te queimaste,
uma faísca resta para incendiar
corações maconhados, sonolentos,
servos da alienação e da aparência?

Quem comporá a Apassionata de nosso tempo,
que removerá as cinzas, despertará a brasa,
quem reinventará o amor, as penas de amor,
quem sacudirá os homens do seu torpor?

Boto no pickup o teu mar de música,
nele me afogo acima das estrelas.


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Retorno


Hoje às 7 da manhã entrou a Lua Nova. Novidade, nova-idade. Ano novo. A tormenta elétrica Azul. Fui indagado por Cadu, meu amigo de eras tão antigas, cuja data que o conheci se perde nos registros da memória e se transforma em fumaça branca na noite dos séculos, fui indagado por esse meu amigo se eu não tinha um lugar onde publicasse meus escritos... E então lembrei-me desse espaço. Como sou um alma em formação não sei que palavras registrarei aqui, deixarei a lua me guiar, afinal ela é nova, o ano é novo, o ciclo é novo... Só sei que sinto tudo sempre começando e que quero que o eterno agora em que habito seja suave como as calmas águas de um riacho. É bom estar atento à arte régia da Natureza, ao coro Divino de Pássaros, aos sons que habitam o silêncio, ao acorde secreto que permeia o imo das coisas e torna tudo sagrado. Por isso hoje eu sinto tudo começando: a lua é nova. E o cinza não é cinza: é uma fina prata que é o meu leme: o amor. Desejo que a paz prateada da Lua em seu silêncio habite cada um que saiba contemplá-la. Desejo que a paz que habita em mim se multiplique em você que lê essas letras.